segunda-feira, 3 de outubro de 2011

AMIGO OCULTO

          Todos os dias, dormindo ou acordado, Guilherme sonhava a mesma coisa: ter um cachorro. Podia ser de qualquer raça, cor ou tamanho. Imaginava as brincadeiras, o nome que daria, o som dos latidos...

          Mas a realidade era bem diferente. Seus pais pareciam se unir ainda mais, como dois guerreiros furiosos na batalha, quando ele tocava no assunto.

          - Mãe, Pai, será que eu poderia ter um ca...

          - Nem pensar! - gritavam ao mesmo tempo.

          - Mas, Mãe, ...

          - Não e não! Já sei que depois vai sobrar para mim. Dar banho, limpar a sujeira, dar comida.

          - Eu prometo que cuido dele, Mãe, faço tudo isso.

          Quando a mãe começou a amolecer, o pai atacou:

          - Não e não! É muita despesa e o apartamento é pequeno. E além do mais, você já tem os seus brinquedos.

          Dois contra um era covardia e Guilherme continuava na vontade.

          Um dia, quando voltava da escola, reparou que, na porta do seu prédio, estava parado um CACHORRO. Não era grande nem pequeno e a raça não se podia definir. Aliás, podia: vira-lata. Todo pretinho, o olhar triste de quem não tinha com quem contar e aparentando estar bem faminto. O garoto não resistiu, chamou-o e qual não foi sua surpresa ao vê-lo se chegar, abanando o rabinho.

          - Ele vai ser meu! Vou dar um jeito. - pensou.

          Mas como passar pelo porteiro, em primeiro lugar?

( Será que Guilherme vai conseguir passar pelo porteiro com um cachorro? Descubram no próximo capítulo. )




          Tirou os livros e cadernos da mochila, pegou o cachorrinho e colocou-o dentro dela. 

          - Fica bem quieto, tá? Isso não demora.

          Ajeitou a mochila nas costas, pegou os livros e cadernos e passou calmamente pelo porteiro.

          - Boa tarde, Paulo.

          - Boa tarde, Guilherme. Quanto material escolar você carrega, né?

          - É, são os meus professores que pedem. Tchau.

          Entrou e beijou a mãe, que já tinha chegado do trabalho e estava toda atrapalhada, preparando o jantar. Aproveitou e foi rápido para o quarto, fechando a porta. Abriu a mochila e o animal saltou correndo, pulando e lambendo seu rosto.

          - Psiu, fica quieto! Se você quer ficar comigo, não pode sair deste quarto, só quando meus pais não estiverem. Agora, vou providenciar tudo de que você precisa.

          Guilherme pensava e sonhava tanto com um cachorro, que até já sabia do que ele precisava. Deu o resto dos biscoitos da merenda, os quais ele devorou, pegou jornal velho e dois potes de margarina vazios.

          - Você só pode fazer xixi e cocô no jornal aqui no chão. Aqui do lado, ficarão a água e a comida. E o banho será no tanque.

( O cachorro é um animal. Ele vai entender o que Guilherme disse? Aguardem o 3º capítulo. )

          E não é que o danadinho do cachorro fazia direitinho tudo que o menino mandava? Quanto ao nome, depois de muito pensar, foi escolhido Piche.

          No dia em que a mãe quis arrumar o quarto, Guilherme disse que já estava bem crescido e que ela tinha muito trabalho, então, ele poderia muito bem limpar e arrumar sozinho. A mãe, emocionada, foi conversar com o pai:

          - Guilherme está tão diferente!

          - Diferente como? Algum problema?

          - Não, pelo contrário, está mais calmo, mais estudioso e até mais feliz. Nunca mais falou em cachorro.

          - É que ele está crescendo e os interesses mudam.

          - Deve ser. - aceitou a mãe.

          E toda a família estava feliz e tranquila. Mas tudo que é bom dura pouco. Certo dia, Guilherme esqueceu a porta do quarto aberta, quando foi para a escola. Piche entendeu aquilo como um sinal para sair. E saiu. Naquele dia, Guilherme tinha trabalho de pesquisa em grupo e foi para a casa de uma colega, direto da escola. Sua mãe foi ao mercado, logo depois do trabalho. E o pai, trabalhando o dia todo. Conclusão: todos chegaram em casa à mesma hora, debaixo de um forte temporal. Ao abrirem a porta, surpresa! Piche estava na sala, todo feliz, latindo, pulando e abanando o rabinho. Nesse momento, os pais entenderam o motivo da mudança do comportamento do filho. E como estavam sempre muito ocupados ou cansados, não enxergaram o que estava acontecendo na casa. A reação dos dois foi praticamente a mesma, só as palavras mudaram:

          - O que significa isto?

          - Um cachorro na nossa casa!

( Piche foi descoberto! O que os pais de Guilherme farão com ele? Vejam no 4º capítulo. )

             
          - Você nos enganou!

          - Um animal da rua!

          - Mãe, Pai, por favor! Deixem eu ficar com ele! Eu mesmo cuidei dele, nem incomodei vocês. Ele é tão bonzinho...

          - Não, não e não!

          - Perdão! Desculpem!

          - Já disse que não! - e o pai pegou o animal e levou-o para a rua.

          Guilherme foi atrás, chorando desesperado:

          - Pai, tá chovendo e ventando muito, deixe ele ficar! Ele é o meu melhor amigo.

          O pai nem respondeu, mas o seu olhar apenas significava uma coisa: FÚRIA! Abriu o portão do prédio e pôs Piche para fora, na calçada, debaixo do temporal. E que temporal! Foi então que ele desandou a latir e parecia avançar para o pai, que recuava para o portão.

          - Quer me morder, é? Vá embora, suma daqui! - gritava ameaçador.

          Piche, repentinamente, deu um salto, só que pulou em cima de um fio de alta tensão que tinha partido e estava atrás do pai. Foi uma cena terrível! Todos gritavam: o pai, a mãe, o porteiro, os vizinhos. Mas Guilherme chorava. Piche, o seu Piche foi um herói. Ele latiu para avisar o pai do perigo e pulou para evitar que ele pisasse no fio, mas...

( O que aconteceu com Piche? Confiram no 5º capítulo desta emocionante história. )

          - Guilherme, eu sinto muito, mas ele não resistiu. - disse o porteiro.

          - Pai, o que significa "não resistiu" ?

          Chorando também, o pai respondeu, abraçando-o bem forte:

          - Significa, meu filho, que ele, infelizmente, morreu. Apesar de tudo que eu fiz, Piche salvou minha vida. Foi o meu melhor amigo, também.

          Sabem uma doença contagiosa? O choro deles passou para todos.

          - E agora, Mãe?

          - Agora, seu pai vai levá-lo para o cemitério dos animais.

          - Posso rezar por ele antes?

          - Pode, sim, eu vou rezar também.

          A tempestade passou, os funcionários da Companhia de Eletricidade vieram consertar o fio e, debaixo de uma chuva fraca, todos rezaram pelo Piche. Depois de ser muito abraçado e consolado pelas pessoas, Guilherme foi para casa com a mãe. Não conseguiu comer e só dormiu depois que o pai o carregou para a cama deles, já bem tarde. Nessa noite, reparou que, por causa da tristeza, os pais permitiram três coisas que ele queria, porém proibidas para ele: não comer, dormir na cama do casal e bem tarde. Mas ele preferia que o Piche estivesse lá e aí...

          No dia seguinte, um sábado, reparou que o pai tinha saído a manhã inteira.

( Por que o pai de Guilherme saiu? Não era dia de trabalhar... Foi fazer o quê? )



          - Mãe, cadê o Papai?

          - Foi resolver uns problemas, mas já deve estar chegando.

          Quando o pai chegou, trazia uma caixa embrulhada para presente.

          - É para você, filho.

          - Não quero presente, Pai, eu queria o Piche.

          - Eu sei, eu queria também. Mas abra, se você não gostar, eu devolvo para a loja.

          Sem entusiasmo, Guilherme abriu a caixa. Seus olhos brilharam! Uma bola pequena e peluda se mexia bem devagar.

          - Um cachorrinho!

          - Se você não quiser, eu devolvo, Guilherme.

          - Não, Pai, não! Adorei, foi o melhor presente que já ganhei!

          Mas a mãe cobrou:

          - Promete que vai cuidar dele como cuidou do Piche?

          - Ah, se prometo! Cuidarei melhor ainda, porque não será escondido. Mas nunca vou esquecer o Piche.

          Piche nunca foi esquecido. Todos, até hoje, contam a sua história, a história de um cachorro que viveu para salvar uma vida e fazer a alegria de outra. A opinião geral é que Guilherme deverá se tornar um ótimo veterinário, quando crescer. Será?

                                                         F I M

( Gostaram? Faltou uma coisa: um nome para o cachorrinho presente. Vocês querem sugerir algum? )

         




8 comentários:

  1. poxa estou ansiosa pra saber o final da história! Será que ele vai conseguir esconder de todo o mundo o cachorro? Vai Regina, continue a escrever hahaha... bjs Lena

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  2. O que eu mais gostei nessa história foi que o Piche não faz xixi pela casa toda, igual ao meu Ozzy, que não perde uma só oportunidade de marcar o território. Mas eu só quero ver como o Piche deixou a casa depois de ficar o dia todo sozinho. hehehe (Eliane)

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  3. vc e mestra e to no aguardo,que aconteceu com o pobre cachorrinho e o crapula do pai do gui

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  4. adivinhou quem sou eu o anonimo

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  5. E qdo é que teremos o desfecho da história? Estou pensando em "roubar" o nome do cachorrinho para o que vai chegar lá em casa na 4ªf, ele é da mesma "raça" e cor... Roseane

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  6. Regina, não aguentei a curiosidade e li...já sabe, né? Desandei a chorar...saudade enorme da minha, se as pessoas soubessem como eles são especiais não maltratariam os animais. Um beijo grande, Silvia.

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  7. Regina que historinha legal e emocionante,o Piche foi mesmo um herói!Mas ainda bem que acabou dando tudo certo para a família toda! Bjs Lena

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  8. ah eu sugiro o nome SOL, pois é fêmea e vai iluminar e trazer muita alegria para toda a família! Bjs Lena

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