quinta-feira, 9 de junho de 2011

O MONSTRO DA LAGOA NESSA

          Como era bonita aquela cidade! Eu disse "era", porque as pessoas que lá moravam jogavam tanto lixo nas ruas, que ela foi ficando feinha, feinha... Quase todos achavam que os garis tinham a obrigação de catar as coisas, pois era o seu trabalho. Como se eles já não tivessem o que fazer, com a própria natureza: o vento trazia poeira e derrubava folhas e as chuvas formavam lama.

          A bela cidade tornou-se um tapete de papéis, latas, garrafas - e os garis limpavam - canudinhos, sacos plásticos, restos de comida - e os garis varriam - cocô de cachorro, móveis velhos, aparelhos escangalhados - e os garis recolhiam. Isso era todo dia e poucos se incomodavam. A vida continuava, calma e suja.

          Certo dia, os pescadores do lugar estavam na outrora bela Lagoa Nessa, para a sua tarefa diária: conseguir peixes para eles e para a população. Em seus barcos, notaram que as águas estavam muito escuras e, depois de várias horas, nada de peixe. Ao anoitecer, começaram a ficar preocupados, quando, de repente, a preocupação virou medo. As águas começaram a se agitar e um cheiro forte tomou conta do ar, quase sufocando-os. O que seria? Logo em seguida, todos viram, sem acreditar: do fundo da lagoa, surgiu uma estranha e gigantesca criatura, que parecia deslizar justamente na direção deles. Foi uma debandada geral. Largaram barcos, com redes, anzóis, iscas e correram para avisar a cidade do ocorrido.

( Um monstro na lagoa? Ele vai atacar? Não percam o próximo capítulo! )


          A notícia espalhou-se como um raio. Como ninguém conseguia definir a criatura através da descrição dos pescadores, um morador sugeriu:

          - Na Escócia, dizem que havia o Monstro do Lago Ness. Aqui, temos o Monstro da Lagoa Nessa.

          Todos os jornais da cidade noticiaram o fato, exagerando bastante: "O monstro devorador de pescadores tinha olhos demoníacos, garras afiadas e era do tamanho de dez navios!"

          - Ué?! - pensaram os pescadores - Estamos todos aqui, não vimos olhos alguns, ele não levantou as patas e o tamanho dele não chegava a meio navio...

          Os dias foram passando e nada do monstro aparecer. Havia sempre várias pessoas de guarda a uma boa distância, caso ele surgisse.

          Quase um mês depois, já estavam desistindo, achando que tinha sido a imaginação dos pescadores, os quais juravam que não. Aí, aconteceu: quase de noite, nas águas escuras, emergiu a enorme criatura, espalhando o odor sufocante. Paralisados e hipnotizados pelo medo, não conseguiam agir. Uma multidão começou a se formar, atraída pelo cheiro. Trouxeram lanternas, máquinas fotográficas e até armas de caça.

( Que situação! O que as pessoas da cidade farão? Confiram no último capítulo desta emocionante história. )

          - Ninguém aqui vai atirar! - gritou o delegado.

          - Mas e se ele nos atacar, delegado? - falou um caçador.

          - Então, nós, policiais, entraremos em ação. Se precisar, eu peço a ajuda de vocês, caçadores.

          As crianças choravam, agarradas nas mães. Davi, um garoto maior, tentou brincar:

          - Olhem na lagoa! É um pássaro? É um avião? Não, é o Super-Monstro!

          Quase levou uns tabefes do pai. Enquanto tentavam descobrir o que era o monstro e o que fazer, ele parecia se divertir, flutuando nas águas agitadas, alheio a tudo.

          Atira? Tenta capturar? Deixa ele em paz?

          Foi um tal de opinião pra lá, discussão pra cá... Repentinamente, alguém gritou:

          - O monstro está desabando!!!

          Como desabando?! E estava mesmo! Primeiro, caiu a cabeça. Só que em vez de sangue, ossos e carnes, a lagoa encheu-se de plásticos, vidros e metais diversos. O monstro nada mais era do que um amontoado de LIXO! Tudo que era jogado nas ruas foi levado para a lagoa pelas chuvas e formou-se aquilo. Na cheia, as águas erguiam a "criatura" e a noite confundiu ainda mais as pessoas. O cheiro forte era da própria sujeira. Por isso, não havia peixes.

          Desapontados e envergonhados, os moradores, no dia seguinte, fizeram um mutirão e, junto com os garis, limparam a lagoa dos "restos mortais do monstro". Comprometeram-se a não sujar mais as ruas.

          Pois não é que a cidade voltou a ficar bonita? A vida lá até melhorou. E a Lagoa Nessa virou atração turística, mesmo sem MONSTRO!

                                                    F I M

( É... a natureza se revoltou com os maus tratos das pessoas! Infelizmente, muitos fazem isso, jogam tudo no chão. Vamos tentar mudar, tá legal? Até a próxima história! )

5 comentários:

  1. Olá Regina!
    Sou cunhada da Ana Pinho e tenho acompanhado seu blog com as histórias infantis. São todas super interessantes, se vc me permitir, levarei em especial esta para a creche do meu neto e pedirei para as professoras entrarem no seu blog para lerem as outras histórias. Beijoquinhas e sucesso nos blogs. Betty Pinho

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  2. As pessoas se preocupam c coisas grandes(usinas nucleares,desmatamento de florestas),mas se esquecem das coisas pequenas q jogam no chão.Elas se acumulam e formam MONSTROS como esse,além de entupir bueiros e causar enchentes.Bjs
    Paulo Paranhos

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  3. Eu mesma resolvi comentar: além da sujeira q é jogada nas ruas, praias,praças e outros lugares,uma frase q um aluno adolescente me disse foi a minha inspiração p essa história. "Professora, se a gente não jogar lixo na rua, o gari não vai ter trabalho!" Infelizmente, muita gente pensa assim. Mas podemos mudar, né?

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  4. Esse conto ficou maravilhoso além de ser supereducativo!Cuidar do meio ambiente é lição que deve se aprender desde criança e o seu conto ficou leve,alegre ao mesmo tempo mantendo o suspense até o fim!PARABÉNS! Deve ser lido por crianças e adultos. Bjs Lena

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  5. Muito bom mana! Educação tem que ser dada desde criança mesmo e com um adulto consciente. Mas tá difícil.... Não temos nem lixeiras suficientes. Como sempre, uma ótima maneira de abordar o assunto. Bjao Marcia

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